Nordeste surpreende e faz crescer produção de leite no Brasil

Região acumula altas, ao contrário do movimento de queda registrado no Sul e Sudeste

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Produtora rural Rafaela da Silva Alves tem uma pequena propriedade no povoado Maranduba, em Poço Redondo, semiárido de Sergipe. (foto - arquivo pessoal)

Produtora rural Rafaela da Silva Alves tem uma pequena propriedade no povoado Maranduba, em Poço Redondo, semiárido de Sergipe. (foto - arquivo pessoal)

09deMaiode2023ás11:31

Dados recentes do IBGE mostram que, ao contrário do movimento de queda registrado na maioria das regiões, o Nordeste registrou crescimento na produção de leite em 12,8% e alcançou, em 2021, a marca de 5,5 bilhões de litros. 

Os números, que fazem parte da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), referentes a 2021, endossam como os investimentos no setor e condições climáticas mais favoráveis estão transformando a região – permitindo aumentar a produção pelo quinto ano seguido.  

Ali, no sertão, a agricultura familiar e de pequenos produtores vem crescendo, especialmente na produção leiteira. 

Segundo a Embrapa Gado de Leite, é possível observar que, apesar da queda da produção no Brasil no primeiro trimestre de 2022, se comparado ao mesmo período de 2021, alguns estados do Nordeste apresentaram crescimento. 

Sergipe está entre eles, sendo o segundo estado com maior crescimento na produção leiteira. 

Também de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a Região Nordeste é exceção na redução geral da produção de leite, registrando aumento de 4,1% de 2021 para 2022, com destaque para o estado de Sergipe.  

“Para a Conab, o aumento da produção do Nordeste, em especial Sergipe, inclui fatores como melhora genética do rebanho, desenvolvimento da produção da palma forrageira para suplementação da alimentação e custos mais baixos, mas lembrando que isso é para a produção em geral, não específica da agricultura familiar”, detalha Ernesto Galindo. 

Ele é diretor substituto do Departamento de Avaliação, Monitoramento, Estudos e Informações Estratégicas do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA).  

Leite para sobrevivência e desafios do sertão 

Quem também pode contar essa história é a produtora rural Rafaela da Silva Alves, de 36 anos, tem uma pequena propriedade no povoado Maranduba, em Poço Redondo, semiárido de Sergipe. “Temos umas 15 vacas leiteiras, alguns bezerros, algumas novilhas e um boi. Esse é o nosso rebanho hoje”, conta a pedagoga de formação. 

Ela, que também é integrante e porta-voz do Movimento dos Pequenos Agricultores, fala sobre os desafios dos produtores, que são muitos. “Temos grandiosos desafios, considerando que estamos no sertão, no semiárido”, diz.  

“É ter que sempre pensar no inverno produtivo, para ter comida suficiente para os animais, no acesso ao abastecimento de água, que é por carro-pipa, por isso temos cisternas e poço. O tamanho da terra dos pequenos agricultores também é um dos problemas que enfrentamos para ir avançando com essa produção de gado leiteiro”, completa. 

A produtora que diz que outro desafio é a ausência de incentivos para a produção avançar. “É uma carência muito grande de programas e políticas públicas para os pequenos agricultores que têm vaca leiteira. No último período mesmo, não tivemos acesso a nada”, lamenta.