Se toda agropecuária do Brasil fosse regenerativa, qual seria o impacto nas mudanças climáticas?
Agro pode ter um papel essencial para contornar os efeitos do aquecimento global
As mudanças climáticas são apontadas por muitos como responsáveis pelo impacto que já se mostra cruel na agropecuária não só brasileira, como também mundial.
No desafio de amenizar as intempéries do clima, o agro pode ter um papel essencial para contornar os efeitos do aquecimento global.
Visando isso, a Agrofy News fez um exercício de imaginação e consultou uma autoridade no assunto com a seguinte indagação: se toda a agropecuária do Brasil fosse regenerativa qual seria o impacto nas mudanças climáticas globais?
A pergunta foi feita ao coordenador do Departamento de Ciência do Solo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), na USP, Carlos Eduardo Pellegrini Cerri.
“A gente já até fez uma brincadeira neste sentido. Se toda a área agrícola brasileira utilizasse práticas regenerativas, não só a agricultura, mas a pecuária também, a gente teria condição de acumular uma quantidade tal de 3,5 petagramas de CO2 que daria para neutralizar as emissões de toda a agricultura global”, explica.
O professor explica que 1 Pg (petagrama) é igual a 1 bilhão de toneladas.
“Ou seja, deixando claro que não dá, mas só para você ter uma ideia: se a gente conseguisse recuperar 100% das pastagens em algum grau de degradação e passar todas as áreas agrícolas para sistemas mais sustentáveis, a gente teria um crédito em relação à redução de emissão e sequestro de carbono que daria para neutralizar a agricultura do mundo todo.”
No final do ano passado, o relatório Climate Trace Inventory, apresentado por Al Gore, ex-vice-presidente dos EUA e ganhador do prêmio Nobel da Paz, durante a COP28 mostrou que o Brasil e agronegócio global respondem, respectivamente, por 2,5% e 12,8% das emissões globais de CO2.
O Brasil emitiu 1,5 bilhão de toneladas de CO2, enquanto a agropecuária mundial 7,46 bilhões de toneladas de CO2.