Clima seco na Rússia deve afetar preço do pão no Brasil no segundo semestre

Principal fornecedora, Argentina prevê recuperação na produção de trigo, apesar do La Niña

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Clima seco na Rússia deve afetar preço do pão no Brasil no segundo semestre
20deMaiode2024ás14:34

O mercado do trigo para a safra 2024/2025 no Brasil e na Argentina será influenciado em intensidade além do usual pelos resultados da produção russa do cereal, de acordo com analistas da Hedgepoint Global Markets.

O motivo é o avanço das exportações da Rússia para o mercado brasileiro desde a quebra histórica da produção argentina na safra passada devido a grandes secas.  

Os países sul-americanos têm uma importante relação comercial neste produto. Historicamente, os argentinos são os principais fornecedores de trigo para os brasileiros.

Contudo, a Rússia é a maior produtora global da commodity, galgou o posto de segunda maior fornecedora para o Brasil e não pretende “devolver” o espaço conquistado, pelo contrário.

Os especialistas da Hedgepoint Global Markets, Sol Arcidiacono, chefe de Grãos LATAM, Andrey Cirolini, gerente de Relacionamento, e Alef Dias, analista de Inteligência de Mercado, analisam a situação.

Apreensão sobre a Rússia

As condições climáticas no Hemisfério Norte foram muito positivas para a Rússia no período do inverno. A estimativa é de um bom volume exportado, totalizando cerca de 50 milhões de toneladas, com grande oferta e aumento da área plantada.

No entanto, o clima na região vem mudando e há preocupações com a umidade do solo. "Começou a chover menos na Rússia, com períodos de seca. Em geral, ainda temos indicações de bons insumos para o ciclo 24/25, mas pode haver uma mudança nas próximas semanas e meses", explica Alef Dias.

Na União Europeia, houve fortes chuvas no final de 2023 e início de 2024. A dinâmica comercial de países como Romênia e Bulgária ficou comprometida, assim como uma redução significativa no plantio de trigo na França.

Desse modo, as cotações internacionais do cereal devem acusar o impacto e, possivelmente, subir no segundo semestre, apesar do período pós-colheita. De fato, os preços do trigo já estão em alta nos últimos dois meses.