"Solo é a maior forma de sequestrar carbono estável", diz especialista
Processo de sequestro de carbono no solo começa com as plantas
O potencial do solo agrícola para capturar carbono tem atraído grande atenção entre especialistas em sustentabilidade e agricultura regenerativa.
Essencial para a produção de alimentos, o solo também é apontado como uma ferramenta importante para sequestrar carbono e, assim, reduzir os níveis de CO₂ na atmosfera.
Especialistas explicam que o solo agrícola atua como uma das principais "esponjas" de carbono, capturando CO₂ da atmosfera e transferindo-o para o solo, o que contribui para a mitigação do aquecimento global.
O coordenador do Departamento de Ciência do Solo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) da USP, Carlos Eduardo Pellegrini Cerri, destaca que, embora o solo agrícola tenha grande capacidade de sequestro de carbono, outros sistemas naturais, como os oceanos, possuem uma capacidade ainda maior.
“Eu diria que o solo é a maior forma de sequestrar carbono na forma estável, mas há outros compartimentos na biosfera que podem sequestrar também. Em condições agrícolas, o solo é um ambiente, um compartimento, que tem uma capacidade gigantesca de sequestro de carbono”, explica Cerri.
Como funciona o sequestro de carbono no solo?
O processo de sequestro de carbono no solo começa com as plantas, que, durante a fotossíntese, retiram o CO₂ da atmosfera para formar seus tecidos, explica Cerri.
Com o tempo, esse carbono é transferido para o solo após a decomposição do material vegetal, onde pode ser estabilizado por processos microbiológicos e permanecer ali por séculos.
A importância da estabilização do carbono
Um dos benefícios do sequestro de carbono no solo é sua capacidade de armazenamento a longo prazo, explica Cerri.
Esse carbono estabilizado é “preso” no solo, o que impede seu retorno rápido à atmosfera. Essa estabilidade faz do solo agrícola um dos reservatórios de carbono mais duráveis, especialmente quando comparado a outros tipos de armazenamento.
No Brasil, práticas como o plantio direto, a integração lavoura-pecuária-floresta e a recuperação de pastagens degradadas são métodos eficazes para aumentar a retenção de carbono no solo.