Enxame de robôs surpreende com resultado em grande fazenda de grãos no Brasil
Propriedade investiu mais de R$ 3 milhões nos 12 equipamentos para realizar controle de ervas daninhas

O desafio de realizar o controle de ervas daninhas em grandes áreas de grãos exclusivamente com robôs parece ter sido superado com sucesso, mas não sem contratempos.
No Brasil, a cena futurista de enxames de máquinas autônomas já é realidade para reduzir custos, uso de mão de obra e aumentar a sustentabilidade, com ganhos de 18% de produtividade.
Nas Fazendas Reunidas, em Rio Verde (GO), o uso dos robôs Solix, desenvolvidos pela Solinftec, rendeu um salto de 10 sacas de soja por hectare em relação às áreas com manejo convencional.
O pioneirismo é de Alexandre Baumgart, engenheiro químico e CEO das Fazendas Reunidas, que investiu mais de R$ 3 milhões na tecnologia ao expandir de dois robôs de teste para uma frota de 12 de um ano para o outro.
“O conceito é sólido. Eu me interesso e levo as tecnologias ao seu limite. Posso dizer que essa realmente entrega resultado”, resume.
Ele tem quatro décadas de experiência em desenvolvimento industrial e hoje lidera uma das operações agrícolas mais avançadas do país.
Do teste para a escala
A história começou com um projeto-piloto na safra 2023/24.
A iniciativa contava com um único robô equipado com sistema de monitoramento por imagem, enquanto outro se dedicava a pulverizar plantas invasoras individualmente.
Logo no primeiro teste, o resultado surpreendeu positivamente.
Com menor estresse na cultura, a propriedade alcançou uma economia de 85% no uso de herbicida, com aumento da produtividade.
"A soja é resistente ao uso do herbicida, mas não é imune. Quer dizer, ela sofre um pouco com o uso do herbicida. Assim, ela tem de processar a molécula, o que consome energia da da planta”, explica.
Segundo ele, os robôs Solix alcançam mais precisão na aplicação do que as pulverizadoras e, assim, poupam a energia dos pés de soja.
Animado com os dados, Baumgart multiplicou a escala do projeto em 2024/25, investindo em mais 10 robôs (totalizando 12) para atuar em cerca de 1,5 mil hectares.
A ampliação do projeto repetiu o aumento da produtividade, mas não sem contratempos.
Ataque de fungos
Um ataque emergente de fungos forçou outra estratégia em cerca de 1 mil hectares dos 1,5 mil hectares da área operada por robôs.
Nesta área atacada, a operação exigiu aplicação com pulverizadoras convencionais, especialmente por conta da velocidade necessária.
Assim, o enxame de robôs atuou integralmente apenas em 500 hectares e manteve o mesmo ganho de produtividade de 10 sacas de soja por hectare.
“A tecnologia funciona. Mas ainda estamos aprendendo como usar robôs em larga escala. Precisa de disciplina, método, adaptações operacionais. O conceito está correto, mas a implementação requer curva de aprendizado”, explica o CEO.
Localização |
Rio Verde (GO) |