Recados para Trump, Bolsonaro e defesa da soberania: o que Lula disse na ONU
Em discurso em Nova York, Lula exaltou a resistência democrática do Brasil e cobrou ação contra fome, guerras e crise climática
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu nesta terça-feira (23) os debates da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, com recados diretos a Donald Trump e Jair Bolsonaro.
Em um discurso marcado pela defesa da democracia, Lula criticou sanções e ingerências externas, exaltou a resistência brasileira frente a ataques institucionais e cobrou maior cooperação internacional diante de crises como a fome, os conflitos armados e a emergência climática.
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Lula disse que não há justificativa para medidas unilaterais e arbitrárias direcionadas às instituições e à economia brasileira.
“A agressão contra a independência do Poder Judiciário é inaceitável. Essa ingerência em assuntos internos conta com o auxílio de uma extrema direita subserviente e saudosa de antigas hegemonias. Falsos patriotas arquitetam e promovem publicamente ações contra o Brasil. Não há pacificação com impunidade.”
O presidente afirmou que a ONU enfrenta “uma nova encruzilhada” e criticou sanções e intervenções unilaterais que, segundo ele, colocam em xeque a autoridade da organização.
“O multilateralismo está diante de nova encruzilhada. A autoridade desta organização [ONU] está em xeque. Assistimos à consolidação de uma desordem internacional marcada por seguidas concessões à política do poder. Atentados à soberania, sanções arbitrárias e intervenções unilaterais estão se tornando regra.”
Lula relacionou a fragilidade do multilateralismo ao avanço de regimes autoritários e destacou a resistência brasileira.
“Mesmo sob ataque sem precedentes, o Brasil optou por resistir e defender a democracia reconquistada há 40 anos pelo seu povo. Nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis.”
O presidente citou ainda a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, sem mencioná-lo nominalmente, como exemplo da força institucional do país.
“Há poucos dias e pela primeira vez em 525 anos de nossa história, um ex-chefe de Estado foi condenado por atentar contra o Estado Democrático de Direito. Foi investigado, indiciado e julgado. Responsabilizado por seus atos em um processo minucioso. Teve amplo direito de defesa, prerrogativa que as ditaduras negam às suas vítimas. Diante dos olhos do mundo, o Brasil deu um recado a todos os candidatos autocratas e àqueles que os apoiam.”