Commodities entram em 2026 sob pressão de clima, política e guerra comercial

Relatório da Hedgepoint aponta riscos macroeconômicos, geopolíticos e de oferta e demanda para os principais mercados no próximo ano

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Commodities entram em 2026 sob pressão de clima, política e guerra comercial
29deDezembrode2025ás12:12

O mercado global de commodities entra em 2026 sob pressão de riscos climáticos, incertezas políticas e tensões comerciais, segundo relatório da Hedgepoint Global Markets, que analisa os fatores macroeconômicos, geopolíticos e de oferta e demanda que devem ditar os preços no próximo ano.

Em 2026, o mercado seguirá atento às políticas tarifárias do governo americano, com potencial para redesenhar fluxos comerciais, especialmente na relação entre Estados Unidos e China, que continua sendo o epicentro das tensões comerciais e geopolíticas. 

Em mercados emergentes, eleições também podem alterar dinâmicas regionais. No Brasil, o pleito presidencial e legislativo de outubro tende a ser um dos principais vetores de volatilidade. Colômbia e Portugal igualmente realizam eleições relevantes ao longo do ano.

No campo monetário, bancos centrais devem buscar um equilíbrio delicado entre o controle da inflação e o estímulo ao crescimento econômico.

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Com Federal Reserve e Banco Central Europeu próximos de estabilizar as taxas de juros após cortes realizados em 2025, o Brasil pode iniciar 2026 com espaço para reduzir a taxa Selic, projetada para encerrar o ano em torno de 12%, condicionada à ancoragem das expectativas de inflação. 

A avaliação consta do relatório anual Mercado de Commodities: Retrospectiva 2025 e Perspectivas 2026, divulgado pela Hedgepoint.

“Esse pano de fundo macroeconômico e geopolítico será determinante para os mercados de commodities, que também enfrentam desafios próprios ligados à oferta, demanda e clima”, ressalta Thais Italiani, gerente de Inteligência de Mercado na Hedgepoint.

A seguir, o relatório detalha como cada mercado chega a 2026 e quais fatores devem orientar a gestão de riscos, preços e estratégias.

Açúcar

A oferta global foi abundante ao longo de 2025. No Centro-Sul do Brasil, os bons resultados de moagem, combinados a um mix açucareiro elevado, resultaram em produção robusta. 

No Hemisfério Norte, as perspectivas positivas de safra reforçaram o sentimento baixista ao longo do ano.

O clima durante o desenvolvimento da safra 2026/27 no Brasil será determinante para o desempenho da moagem e para a qualidade da matéria-prima.

A paridade e a demanda por etanol no mercado doméstico também podem alterar o mix das usinas, elevando ou reduzindo a produção de açúcar conforme a rentabilidade.

2026-acucar

Além disso, a colheita 2025/26 no Hemisfério Norte e, sobretudo, a decisão da Índia sobre cotas de exportação serão cruciais para os fluxos comerciais, especialmente no início do ano.

“Entramos 2026 com um balanço confortável, mas altamente sensível ao mix no Brasil e às decisões da Índia. Uma leitura fina de paridade etanol–açúcar será essencial para mapear preços e janelas de hedge”, afirma Carlos Murilo Mello, Head de Açúcar e Etanol da Hedgepoint. 

Cacau

O mercado de cacau atravessou mais um ano marcado por forte volatilidade. A oferta global permaneceu incerta, enquanto a desaceleração da demanda ajudou a sustentar oscilações de preço.