Como garantir biossegurança em granjas de suínos?
Brasil mantém status sanitário privilegiado por bons exemplos como o Grupo Água Branca; conheça o modelo
Matrizes em gestação são mantidas em grupos em áreas com ventilação natural. (foto - Daniel Azevedo)
No que diz respeito à produção animal, o Brasil é frequentemente elogiado por ter um status sanitário privilegiado na suinocultura, avicultura e outras atividades pecuárias.
O país, que é o terceiro maior produtor e exportador mundial de carne suína, não tem há vários anos nenhuma doença notificável dentro das zonas livres reconhecidas pela Organização Mundial de Saúde Animal (WOAH – anteriormente conhecida como OIE).
Por isso, vale a pena dar uma olhada em como é a biossegurança em uma granja de suínos de referência no país. O setor de suínos no Brasil é organizado, em sua maioria, em modelos de integração (como na BRF ou Seara, da JBS); ou parte de uma cooperativa, como Aurora ou a LAR.
O Grupo Água Branca, no entanto, é uma das principais granjas independentes de suínos do Brasil, portanto, não filiada a uma integração ou cooperativa.
Trajetória de crescimento
O grupo foi fundado na divisa dos municípios de Indaiatuba e Itu, no estado de São Paulo, em 1978, com 60 matrizes. Atualmente, o grupo já são cerca de 20.000 matrizes e 22 unidades de negócios em oito cidades, que incluem uma operação vertical de ciclo completo.
Olinda Arruda é diretor-presidente do Grupo Água Branca. Ele diz: “Quando começamos, as Américas sofriam um surto de Peste Suína Africana (PSA) no final dos anos 1970 e início dos anos 1980. Foi aterrorizante. Enfrentamos muitos desafios, sanitários e econômicos, mas isso nos fez crescer melhor com base em biossegurança, planejamento estratégico e sustentabilidade.”
Além das granjas de suínos, a Água Branca também possui um moderno frigorífico com capacidade para até 600.000 animais por ano em sua marca própria, Gran Corte.
O grupo produz seu próprio grão e também possui seis fábricas de ração. O foco principal é abastecer o mercado paulista, que é o maior do Brasil, com 46 milhões de pessoas.
Camadas de biossegurança
Arruda ressalta que a construção de um sistema de biossegurança requer “várias camadas”, com práticas, infraestruturas para suinocultura e procedimentos, incluindo também esforços de autoridades públicas e produtores privados.
Ele explica: “A biossegurança é o aspecto chave da suinocultura, porque se você tiver um problema sério, pode perder tudo de repente. O Brasil e o estado de São Paulo estão bem organizados e são muito rigorosos para controlar isso. Os desafios do mercado vêm e vão, mas problemas sanitários podem acabar com o negócio de um momento para o outro.”
Olinto Arruda (esq) e Denílson da Silva (dir) são o presidente e gerente de produção do Grupo Água Branca.