Conheça a agricultura molecular que visa levar “soja suína” ao mercado

Moolec Science obteve 26,6% de proteína animal no grão por meio da biotecnologia

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"Mas por que não? E é disso que o planeta precisa", diz Gastón Paladini, CEO da Moolec Science.

"Mas por que não? E é disso que o planeta precisa", diz Gastón Paladini, CEO da Moolec Science.

29deSetembrode2023ás17:32

Gastón Paladini é cofundador e CEO da Moolec Science, uma empresa de base científica que utiliza uma tecnologia inovadora na indústria alimentícia: a agricultura molecular.

Modificamos geneticamente as plantas com proteínas animais, principalmente dos tipos de carne mais consumidos. Quando as plantas crescem, elas produzem a proteína vegetal, que também é importante, mas também contém o gene animal”, disse durante a Experiência Endeavor 2023, que ocorreu essa semana em Rosario, na Argentina.

Em outras palavras, aquele tipo de “carne de soja”, muitas vezes insosso, ganhará sabor, nutrientes, cor e outros aspectos característicos da carne. O produto chama-se Piggy Soy (ou Soja Suína, em português). Mas por quê fazer algo assim?

É um ingrediente para a indústria para que, quando comemos uma salsicha, um hambúrguer, uma almôndega ou qualquer derivado de carne, ele possa ser feito com base vegetal e características de proteína animal, sem abates”, acrescenta.

A Moolec é uma spin off da Bioceres, mas Gastón também é diretor do Grupo Paladini, mantendo o legado familiar, que completa 100 anos em 2023: “De alguma forma queremos melhorar o que se faz".

O que ele pensa sobre agricultura molecular?

Em diálogo com a Agrofy News, Gastón Paladini contou detalhes do projeto, com o qual buscam conquistar um lugar na indústria alimentícia.

Quanto tempo levará para ver a soja "Piggy" ao mercado?

Gastón Paladini (GP): Não demorará muito para que seja plantado a campo, porque estamos fortemente focados na multiplicação de sementes e na realização de testes de campo em dois territórios, Estados Unidos e Argentina.

Temos capacidades e experiência em processos regulatórios em ambos países. Eles são benéficos porque podem ser feitos durante o período de entressafra. Pode-se enviar sementes de um hemisfério para o outro para se multiplicarem mais rapidamente.

Os primeiros anos serão lotes regulamentados, estamos falando de material geneticamente modificado e os testes de campo precisam ser realizados de forma regulamentada.

Nosso foco é a aprovação dessas lavouras, onde temos experiência.

Partimos da experiência que a Bioceres, e a equipe Moolec como parte da Bioceres, têm no processo de aprovação legal do cártamo na Argentina. Recentemente, conseguimos isso também nos Estados Unidos, com nosso óleo GLA. Para o USDA esse óleo de cártamo é como se não fosse OGM.

A soja suína segue o mesmo caminho, toda a nossa experiência com cártamo aponta o caminho para a soja.

Não há nenhuma bandeira vermelha que diga que não pode ser aprovado, basta seguir os passos. Para isso o campo é fundamental, no campo tem que acontecer o mesmo que acontece nas estufas.

Qual é o modelo de negócios proposto pela Moolec?

GP: O modelo de negócio é pensado mais em ingredientes do que em sementes e culturas. Para nós, a soja é a matéria-prima. Nosso foco é gerar ingredientes à base de soja com proteína de carne para a indústria alimentícia. Nosso modelo de negócios visa diretamente a comercialização desse ingrediente.

O produtor agrícola, os hectares, a genética e as sementes estão em primeiro lugar. Para isso, sendo uma empresa ligada ao grupo Bioceres, como principais acionistas, temos bom acesso não só ao germoplasma e à biotecnologia, mas também à rede de produtores.

Sabemos muito bem que a Bioceres possui uma ampla rede de produtores na América Latina, especialmente na Argentina e no Brasil, e até nos Estados Unidos. É por isso que a Moolec tem o seu upstream bastante coberto por ter os parceiros certos.

A questão é a jusante, que tem a ver com a produção, o processamento da proteína, a recuperação, a concentração e a comercialização. Esse é o grande desafio que a Moolec tem.