Desinformação vira desafio e agro se une em defesa da imagem do Brasil
Setor aposta em resposta técnica, comunicação estratégica e articulação institucional diante da EUDR e pressões internacionais

Além de investimentos em infraestrutura e armazenagem, melhorar a imagem do agro e do Brasil no exterior tornou-se uma prioridade unânime durante debates no 3º Congresso da Abramilho.
Diante da iminente entrada em vigor da nova lei europeia contra o desmatamento, representantes do setor defendem uma resposta técnica, comunicação estratégica e atuação institucional firme para proteger a reputação do país.
No painel “Sustentabilidade e os Desafios da Geopolítica Atual”, o adido agrícola brasileiro em Bruxelas, Glauco Bertoldo, alertou que a desinformação tem se tornado uma das principais ameaças à imagem do agronegócio brasileiro.
“Não somos perfeitos, há espaço para melhorias. Mas não podemos aceitar ataques desproporcionais da comunidade internacional”, afirmou.
Segundo Bertoldo, uma das estratégias adotadas tem sido a participação ativa em fóruns e eventos técnicos, onde são apresentados dados e evidências sobre as práticas sustentáveis do Brasil.
“É um trabalho de base, que exige muita paciência”, pontuou.
EUDR: pressão crescente sobre o Brasil
Boa parte das preocupações gira em torno da Lei de Produtos Livres de Desmatamento da União Europeia (EUDR, na sigla em inglês), que entra em vigor em 30 de dezembro de 2025 para grandes empresas e, seis meses depois, para pequenos exportadores.
A norma proíbe a entrada no mercado europeu de produtos como soja, carne bovina, café, cacau, madeira, borracha, papel e óleo de palma que estejam associados a áreas desmatadas após 31 de dezembro de 2020 — ainda que o desmate tenha sido legal no país de origem.
Bertoldo afirmou que a legislação deve ser implementada conforme previsto, sem alterações relevantes nos principais pontos de interesse para o Brasil.
“Existe um certo consenso de que não haverá mudanças nesses dois pontos antes da efetiva entrada em vigor da norma”, afirmou, referindo-se à lista de commodities abrangidas e aos ecossistemas considerados.