A reação do agro: Plano Safra é insuficiente e juros preocupam, diz setor
Corte nos investimentos, ausência de seguro rural e falta de recursos para equalização acentuam insatisfação
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O anúncio do Plano Safra 2025/2026, com R$ 516,2 bilhões em crédito rural para médios e grandes produtores, gerou forte reação de entidades representativas do agronegócio.
As principais críticas se concentram nas taxas de juros elevadas, na redução de recursos para investimento e na possível insuficiência de verba para equalização.
O volume anunciado representa um acréscimo de R$ 8 bilhões em relação à temporada anterior. Desse total, R$ 414,7 bilhões são destinados às linhas de custeio e comercialização, enquanto R$ 101,5 bilhões vão para investimentos.
O Plano Safra 2025/2026 trouxe juros mais altos: as taxas agora variam de 8,5% a 14% ao ano, ante os 7% a 12% praticados na safra anterior, segundo o setor
A superintendente do Sistema OCB e presidente do Instituto Pensar Agropecuária, Tânia Zanella, afirmou que ainda é necessário aguardar as resoluções complementares.
“Havia uma grande expectativa com relação à taxa de juros, ao montante atualizado e à manutenção de algumas linhas importantes, especialmente as de investimento e seguro. No entanto, o anúncio trouxe poucas informações detalhadas. Seguiremos acompanhando as resoluções do Conselho Monetário Nacional para avaliar os impactos para o cooperativismo.”
Para João Prieto, coordenador do Ramo Agro do Sistema OCB, a manutenção da arquitetura do Plano foi positiva, mas as taxas preocupam.
“Observamos um aumento médio de 1,5 a 2 pontos percentuais nas taxas. No caso dos investimentos, que exigem planejamento de longo prazo, ainda há incertezas sobre o comportamento do produtor diante desse cenário. Além disso, não houve anúncio sobre a política de seguro, o que gera preocupação, especialmente considerando as recentes restrições no Proagro e o bloqueio orçamentário do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR).”
As linhas de investimento recuaram 5,41%, passando de R$ 107,3 bilhões para R$ 101,5 bilhões, aponta o OCB. Entre os programas contemplados estão o Moderfrota, Prodecoop, RenovAgro, PCA, Inovagro e Procap-Agro. Os prazos e limites variam conforme a linha.
Aprosoja-MT
A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT) avaliou como insatisfatório o Plano Safra. Embora o montante total chegue a R$ 516,2 bilhões, a entidade chama atenção para o fato de que R$ 185 bilhões virão de instrumentos privados como CPRs lastreadas em LCAs, sem controle de taxas, o que reduz em 17,3% o volume efetivamente disponível com juros prefixados.
“Na prática, temos menos dinheiro disponível para contratar”, afirmou o presidente da Aprosoja MT, Lucas Costa Beber.
Ele também criticou a ausência de medidas efetivas para corrigir distorções fiscais que impactam diretamente o crédito rural.