Como foi o encontro entre Lula e Javier Milei na Cúpula do Mercosul?

Presidente brasileiro assume liderança do bloco defendendo integração regional

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Como foi o encontro entre Lula e Javier Milei na Cúpula do Mercosul?
03deJulhode2025ás17:17

O encontro presencial entre Luiz Inácio Lula da Silva e Javier Milei foi protocolar. Nesta quinta-feira (3), durante a 66ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, em Buenos Aires, os presidentes do Brasil e da Argentina se cumprimentaram de forma fria e seguiram caminhos opostos — tanto no gesto quanto nas palavras.

Esta é a primeira vez que Lula pisa em solo argentino desde que Milei assumiu a presidência, em dezembro de 2023. Embora o protocolo do bloco preveja reuniões bilaterais entre os chefes de Estado, não houve qualquer encontro reservado entre os dois líderes.

Lula, inclusive, manteve agenda apenas com Cristina Kirchner, ex-presidente e opositora declarada de Milei.

Ela está em prisão domiciliar, em Buenos Aires, condenada por corrupção. Kirchner nega as acusações e diz ser vítima de perseguição política

O distanciamento entre Lula e Milei confirma o desgaste iniciado ainda durante a campanha presidencial argentina, quando Milei atacou Lula e o PT, e foi agravado após a visita do argentino ao Brasil em 2024 — ocasião em que se encontrou exclusivamente com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em contrapartida, no ano passado, Lula se reuniu com o governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof — ex-ministro de Cristina Kirchner e um dos principais opositores de Milei.

O presidente argentino ainda é ligado a Donald Trump, presidente dos Estados Unidos e que sofre algumas críticas de Lula.

A tensão se refletiu nos discursos. Milei voltou a criticar o Mercosul, classificando o bloco como uma “cortina de ferro” que sufoca a liberdade comercial dos países-membros. Lula, por sua vez, rebateu defendendo o Mercosul como uma proteção estratégica diante de um mundo instável e polarizado.

Visões opostas sobre o Mercosul

Milei afirmou que o Mercosul impõe restrições que prejudicam a competitividade dos países-membros, impedindo-os de firmar acordos bilaterais com outras nações.

“A barreira que levantamos para nos proteger comercialmente em um momento que considerávamos valioso terminou por nos excluir do comércio e da competição globais e acabou castigando nossas populações com bens piores e serviços a preços piores”, declarou.