Trump busca “chifre em cavalo" com investigação sobre Pix, etanol e desmatamento

Tarifaço provocaria prejuízo bilionário ao Brasil, mas ainda maior aos Estados Unidos

Trump busca “chifre em cavalo" com investigação sobre Pix, etanol e desmatamento
17deJulhode2025ás10:33

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a criticar o Brasil ontem (dia 16) ao anunciar que seu governo abrirá investigações formais sobre o sistema de pagamentos Pix, o programa de etanol e as políticas de preservação ambiental brasileiras.

As alegações, segundo ele, estariam relacionadas a “concorrência desleal”, “manipulação tecnológica” e “falsas credenciais verdes”. O movimento acirra ainda mais o desconforto diplomático entre os dois países, dias após a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros.

As novas alegações se somam na escalada que vem alimentando a tensão bilateral. Entre eles, o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que ganhou projeção internacional, decisões contra práticas de big techs americanas e a narrativa infundada de que os Estados Unidos enfrentariam um déficit comercial com o Brasil.

O imbróglio melhorou inclusive a popularidade do governo brasileiro. Após atingir o pior índice de aprovação desde o início do mandato em junho — com apenas 40% de avaliação positiva e 57% de desaprovação — o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viu sua aprovação subir em julho.

Segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta semana, a aprovação do governo subiu três pontos, de 40% para 43%, enquanto a desaprovação recuou para 53%, reduzindo o saldo negativo de 17 para 10 pontos percentuais.

Brasil está pronto para o escrutínio?

Os novos alvos do mandatário americano, no entanto, são alguns dos melhores exemplos do Brasil, seja o Pix, o etanol e até mesmo o tema da preservação ambiental. 

Lançado em 2020, o Pix transformou o sistema de pagamentos brasileiro e se tornou referência mundial em inclusão financeira.

Com mais de 160 milhões de usuários e volume de transações que supera o PIB de muitos países, o sistema é operado pelo Banco Central e adotado inclusive por fintechs norte-americanas como benchmark.

Para alguns especialistas, alegar manipulação ou dumping tecnológico seria como acusar o e-mail de ser concorrência desleal ao correio.