Governo convoca agro para frear alta dos alimentos e estuda zerar imposto do trigo e óleo de soja
Governo realiza reuniões com o setor produtivo para discutir medidas e buscar soluções contra a inflação
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Em meio à escalada nos preços dos alimentos e à crescente insatisfação popular que faz a aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) despencar, o governo federal intensificou o diálogo com o setor produtivo na tentativa de encontrar soluções para conter a inflação.
Após buscar explicações e jogar a responsabilidade em fatores como mudanças climáticas e crises internacionais, a gestão Lula passou a envolver representantes do agronegócio nas discussões.
Entre as medidas avaliadas, está a isenção do imposto de importação do trigo e do óleo de cozinha, atualmente fixado em 9%. A iniciativa, no entanto, gera divisões dentro do próprio governo e levanta dúvidas sobre sua real eficácia.
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) liderou uma série de reuniões com o setor produtivo, ouvindo sugestões e coletando propostas que serão apresentadas a Lula ainda nesta sexta-feira (27).
O presidente, que recentemente classificou o controle da inflação como uma questão “muito séria”, declarou que pretende pessoalmente se envolver no debate para entender os motivos da alta dos preços nos últimos 12 meses.
O encontro mais recente ocorreu na quinta-feira (26), em Brasília.Carlos Fávaro coletou propostas e enfrentou questionamentos do setor sobre a falta de medidas concretas até agora.
O setor de café, que enfrenta grande alta, ainda não foi convocado e nem ouvido. Entretanto, um encontro deve acontecer entre governo e produtores.
Zerar imposto de importação é solução real ou paliativa?
Uma das propostas em estudo pelo governo é a isenção do imposto de importação do trigo, medida que teria o objetivo de baratear a entrada do cereal no Brasil e reduzir o impacto sobre os preços dos alimentos.
No entanto, há um impasse: países do Mercosul, que fornecem a maior parte do trigo importado pelo Brasil, já possuem isenção tarifária. Ou seja, o efeito prático da medida pode ser limitado.
Já no caso do óleo de cozinha, a situação é diferente. Atualmente, o Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de óleos vegetais do mundo, especialmente de soja.
Em 2024, a produção nacional foi de aproximadamente 11 milhões de toneladas, com 1,15 milhão destinadas à exportação e 9,9 milhões ao consumo interno.
O governo avalia zerar a alíquota de 9% sobre a importação de óleos vegetais – incluindo soja, girassol, milho e canola –, já que, no cenário internacional, esses produtos estão mais baratos do que no Brasil.