Com avanço da gripe aviária pelo mundo, Brasil multiplica exportação de frango e ovos
Líder em produção e exportação de carne de frango, Paraná reforça vigilância sanitária contra doença
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Sem registrar nenhum caso de gripe aviária em granjas comerciais desde o início da pandemia global, o Brasil tem aproveitado a instabilidade sanitária global para consolidar sua posição como fornecedor estratégico de carne de frango e ovos.
Ao todo, o país identificou 166 focos da Influenza Aviária, todos em aves silvestres ou produção de subsistência.
Enquanto a doença se espalha por diversos continente desde 2022, o setor avícola brasileiro observa uma janela de oportunidade no mercado internacional.
A escassez de ovos, impulsionada por surtos da doença e pelo aumento dos custos de produção, levou países tradicionalmente autossuficientes a recorrer às importações — e o Brasil ganhou protagonismo.
Nos Estados Unidos, a crise levou a um salto de 93,4% nas importações de ovos brasileiros em fevereiro, atingindo 503 toneladas, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Diante da escassez, o país norte-americano também avalia mudanças nas regras para uso de ovos de frangos de corte na indústria alimentícia.
A gripe aviária já causou a morte de mais de 170 milhões de aves em todo o mundo desde 2022, afetando o abastecimento e elevando a inflação de alimentos.
Só nos EUA, 23 milhões de aves foram infectadas em janeiro de 2025, de acordo com o Departamento de Agricultura (USDA). Em resposta, o governo Donald Trump lançou um pacote de US$ 1 bilhão para investir em prevenção e pesquisa de vacinas.
Legislação flexibilizada e foco em produtos industrializados
A crise levou alguns estados norte-americanos a suspenderem leis que exigiam a comercialização de ovos de galinhas livres de gaiolas. Nevada já pausou essa legislação, e o Arizona estuda medida semelhante.
Antes da crise, os ovos brasileiros tinham como destino principal a produção de ração animal. Agora, há interesse do governo norte-americano em autorizar seu uso em produtos industrializados, como sorvetes, misturas para bolos e molhos. A liberação para venda direta ao consumidor, via supermercados, não está em discussão no momento.
A Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA) confirmou à agência Reuters que analisa uma nova petição do Conselho Nacional do Frango para permitir o uso humano de ovos postos por frangos de corte.