"Papel do governo é abrir portas", diz Lula após visita ao Imperador do Japão
Expectativa é destravar o acesso da carne bovina brasileira ao mercado japonês

Em visita oficial ao Japão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) destacou, nesta terça-feira (25), a importância da atuação do governo na promoção das exportações brasileiras.
Após ser recebido pelo imperador Naruhito e pela imperatriz Masako, no Palácio Imperial, em Tóquio, Lula participou de um encontro com empresários da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), reforçando a expectativa de avanços na abertura do mercado japonês à carne bovina brasileira.
“Vamos discutir muitos assuntos aqui e espero que a gente consiga convencer o Japão das coisas boas que o Brasil tem para negociar. O presidente, o que ele faz é abrir a porta. Mas quem sabe fazer negócio são vocês”, afirmou Lula, dirigindo-se aos representantes da Abiec.
Acesso ao mercado japonês: pleito histórico
O Japão é um dos maiores importadores de carne bovina do mundo — cerca de 70% do que consome vem do exterior, movimentando aproximadamente US$ 4 bilhões por ano.
No entanto, 80% desse volume é abastecido por parceiros históricos como Estados Unidos e Austrália. O Brasil, apesar de ser o maior exportador global da proteína, ainda enfrenta barreiras sanitárias para acessar esse mercado.
Essa é a quinta visita de Lula ao Japão e uma das principais metas da agenda é justamente destravar esse processo, um pleito que se arrasta desde 2005. Em 2011, o fluxo comercial entre os dois países chegou a US$ 17 bilhões. Atualmente, gira em torno de US$ 11 bilhões. “Temos seis bilhões para recuperar”, observou Lula.
Missão sanitária e certificação da OMSA
O principal entrave à entrada da carne bovina brasileira no Japão é a exigência de uma missão sanitária japonesa para inspeção de frigoríficos no Brasil.
Segundo o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, esse avanço pode ser oficializado durante a visita presidencial, com expectativa de que técnicos japoneses desembarquem no Brasil ainda este ano.
Além disso, o Brasil deve receber em maio, da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), o reconhecimento como país livre de febre aftosa sem vacinação — exigência central para atender aos protocolos sanitários japoneses.
“Nossas indústrias estão aptas a atender às exigências do Japão. A abertura desse mercado garantirá mais competitividade aos nossos empresários e fortalecerá a presença da carne brasileira no mercado internacional e interno”, destacou Fávaro.
Em Tóquio, o ministro se reuniu com o titular da pasta da Agricultura, Florestas e Pesca do Japão (MAFF), Taku Eto, para discutir oportunidades de cooperação e destravar o comércio bilateral.
Segundo Fávaro, o governo japonês confirmou durante o encontro a aprovação da regionalização do Certificado Sanitário Internacional (CSI) para influenza aviária por município — medida que aumenta a previsibilidade e a segurança nas exportações de carne de frango do Brasil.