Agro reage com preocupação às tarifas de Trump; Lula fala em reciprocidade
FPA vê risco à competitividade do setor e defende reação estratégica
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A decisão do presidente norte-americano Donald Trump de aplicar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros gerou forte reação do setor produtivo e do governo brasileiro.
No agronegócio, entidades apontam que a medida inviabiliza exportações e pode afetar duramente a economia nacional.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil responderá com base na Lei de Reciprocidade Econômica, sancionada em abril.
A medida atinge em cheio produtos do agro como carne bovina e suína, açúcar, café e suco de laranja — principais itens da pauta de exportações brasileiras para os Estados Unidos.
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) alertou que a tarifa tornará o custo da carne brasileira “tão alto que inviabilizará a venda do produto” ao mercado americano.
“A Abiec reforça a importância de que questões geopolíticas não se transformem em barreiras ao abastecimento global e à garantia da segurança alimentar, especialmente em um cenário que exige cooperação e estabilidade entre os países”, destacou a entidade, que também pediu a retomada do diálogo bilateral.
“Estamos dispostos ao diálogo, de modo que medidas dessa natureza não gerem impactos para os setores produtivos brasileiros nem para os consumidores americanos, que recebem nossos produtos com qualidade, regularidade e preços acessíveis.”
Com a imposição da tarifa, uma das consequências imediatas esperadas é a queda dos preços no mercado interno, especialmente entre as commodities que deixarão de ser exportadas.
“Toda vez que ocorre algum tipo de fechamento, mesmo quando é autoembargo, os preços caem, como é o caso do preço da carne. E é provável que isso aconteça, seja com carne, suco de laranja ou café”, avalia Alexandre Pires, professor de Relações Internacionais e Economia no Ibmec-SP.
O impacto também será sentido no setor cafeeiro. Segundo o Cecafé, os Estados Unidos consomem cerca de 24 milhões de sacas de café por ano, sendo o Brasil responsável por cerca de 30% desse mercado. A nova tarifa poderá elevar a carga tributária a mais de 60%.