Sem acordo, Lula deve ligar para Trump?

Empresários pressionam por solução imediata, mas governo hesita em buscar contato direto com presidente dos EUA

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Sem acordo, Lula deve ligar para Trump?
30deJulhode2025ás09:46

Faltando dois dias para a entrada em vigor do tarifaço de 50% sobre exportações brasileiras para os Estados Unidos, o governo Lula mantém um discurso de cautela, mas enfrenta crescente pressão de empresários do agronegócio e da indústria.

A cobrança principal: que o presidente entre em contato direto com Donald Trump para buscar uma solução diplomática e evitar prejuízos bilionários ao país, além de parar de proviocações.

Confirmada por Trump no último domingo (27), a medida deve ser aplicada a partir de sexta-feira (1º) e é considerada uma das maiores tarifas do mundo.

Os setores de café, laranja e frutas são alguns dos mais afetados e defendem que o Brasil tome a iniciativa de negociar e pare com as provocações ao líder norte-americano. 

Dentro da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), há divergências internas sobre a postura que o governo deve adotar diante do tarifaço.

Segundo revelou o jornal Valor Econômico, parte das lideranças industriais defende uma abordagem mais cautelosa, enquanto federações estaduais do Sul e do Centro-Oeste, regiões com forte presença do agronegócio, têm pressionado para que o presidente Lula tome a iniciativa e ligue diretamente para Donald Trump, na tentativa de abrir um canal de negociação. 

Governo dividido sobre telefonema

Mesmo com a pressão crescente, o Planalto evita bater o martelo. A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, disse nesta terça-feira (29) que uma conversa entre os dois presidentes “não é um telemarketing” e exige preparação diplomática. Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, rejeitou qualquer ideia de subserviência.

“Tem uma preparação protocolar mínima, um arranjo. É uma coisa de dois países soberanos, não é uma coisa de que [um] sai correndo atrás. A gente tem que entender que o Brasil é grande e isso não é arrogância nenhuma. É uma questão protocolar para que o país se coloque dignamente à mesa”, declarou Haddad na última terça-feira (29).

Apesar disso, há setores dentro do próprio governo e executivos das empresas mais prejudicadas que defendem que Lula tome a iniciativa. A principal dúvida: Trump atenderia e estaria disposto a negociar?

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