Novos impostos de Haddad teriam "impacto quase zero" no crédito rural, diz Fávaro
Ministro minimiza efeitos da taxação sobre o agro e ganha respaldo de Paulo Teixeira em meio a críticas do setor produtivo
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Fávaro defende que o funding do Plano Safra 2025/26 está assegurado, inclusive com estoque de cerca de R$ 650 bilhões em LCAs já captados (Foto - Lula Marques/Ag. Brasil)
A proposta do governo federal de tributar os rendimentos de Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e do setor imobiliário (LCIs) continua gerando reação no setor produtivo.
Apresentada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e que será enviada ao Congresso por meio de medida provisória, a iniciativa é vista com preocupação por representantes do agronegócio, embora o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) tente atenuar os efeitos esperados.
Após reunião com membros da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, buscou amenizar os ânimos e afirmou, em entrevista ao Globo Rural, que o impacto da taxação sobre o crédito rural será “praticamente nulo”.
Segundo Fávaro, a eventual cobrança de 5% de Imposto de Renda sobre os rendimentos de pessoas físicas que investem em LCAs não deve comprometer a atratividade desses papéis nem encarecer significativamente os juros ao produtor.
Ele defende que o funding do Plano Safra 2025/26 está assegurado, inclusive com estoque de cerca de R$ 650 bilhões em LCAs já captados, com rentabilidade líquida próxima a 5%.
“No aspecto do funding, não há, na nossa avaliação, nenhum risco de perder a atratividade”, disse Fávaro ao Globo Rural.
De acordo com o ministro, um possível aumento de 0,72 ponto percentual no custo de captação não será necessariamente repassado ao produtor.
Para ele, instituições financeiras continuarão interessadas em financiar o setor por meio das LCAs e da compra de CPRs, que oferecem maior segurança jurídica.
Paulo Teixeira minimiza efeitos sobre preços
Um dia antes, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, também saiu em defesa da proposta durante entrevista à Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
Para ele, a tributação das LCAs não deve interferir nos preços de produtos nacionais, já que esses papéis são utilizados majoritariamente por exportadores.
“Quem financia sua safra nas LCAs é exportador. Não creio que vá afetar a política de preços de produtos no Brasil”, avaliou.