Câmara reage a aumento do IOF e sugere medidas “antipáticas”: “hora de colocar o dedo na ferida”
Enquanto o Congresso pressiona por cortes, Lula anuncia novo assentamento do MST no Paraná
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No Paraná, Lula participa da criação de assentamento que beneficia 450 famílias. (Foto - Ricardo Stuckert)
Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve no Paraná nesta quinta-feira (29) para anunciar um novo assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o clima em Brasília foi de pressão.
O Congresso reagiu duramente ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e cobrou do Executivo alternativas mais estruturais para cumprir a meta fiscal.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), declarou que o parlamento está disposto a aprovar medidas antipáticas, mas necessárias, para ajustar as contas públicas.
“Talvez tenha chegado a hora de enfrentar esse problema, de colocar o dedo na ferida e rever o que não está correto”, afirmou, após reunião com líderes partidários.
A fala veio na esteira da ameaça do Legislativo de derrubar o decreto do governo que eleva o IOF — medida que, segundo a equipe econômica, tem potencial de arrecadar cerca de R$ 20 bilhões neste ano, sem afetar a população de baixa renda.
Ainda assim, a proposta enfrenta resistência no Congresso, que cobra mais cortes de despesas e menos aumento de tributos.
Para cumprir o arcabouço fiscal — que substituiu o teto de gastos em vigor desde o governo Michel Temer —, o Ministério da Fazenda já anunciou o bloqueio de R$ 31,3 bilhões no orçamento deste ano.
Hugo Motta destacou que há consenso entre os líderes para discutir temas antes considerados intocáveis, como revisão de isenções fiscais e reforma administrativa.
“A situação já está se tornando ingovernável. O próximo presidente encontrará um orçamento ainda mais engessado”, alertou. No entanto, ele enfatizou que a iniciativa dessas propostas deve partir do Executivo.